domingo, 1 de abril de 2012

C.R.A.Z.Y. - Loucos de amor (2005)



A grande maioria das produções audiovisuais do mundo dão superficialidade aos dramas familiares. Vamos pegar como exemplo a TV brasileira. É comum, em nossas novelas, o dramalhão rolar solta, principalmente aqueles casos em que o pai não aceita o namorado “pobretão” da filha. É grotesco! 

Por outra linha de pensamento temos “C.R.A.Z.Y. – Loucos de amor”, produção canadense de 2005. Nele é contada a faixa da vida de Zac, que percorre o seu nascimento até os seus vinte e poucos anos.  Sendo dividida em três partes: a infância (6 e 7 anos), a adolescência (15 anos) e a entrada para a fase adulta (20 anos). 

O conflito já aparece a partir do primeiro minuto de filme. O rapaz nasce no dia 25 de dezembro e por toda a sua vida tem que carregar o fardo de seu aniversário acontecer na ceia de natal, onde toda a sua família se reúne e onde acontece a lavação de roupa suja deles. E ainda tem que aguentar o fato de sua mãe achar que ele é um escolhido de Deus com poderes de cura.  Filho de pais cristãos e conservadores, Zac enfrenta, desde os seus primeiros anos, a pressão destes ideais em sua vida. Durante a infância, as coisas parecem ser menos complicadas, ele encara apenas as diferenças de gosto com o pai, que acaba reprimindo algumas de suas vontades. Já na adolescência as coisas começam a complicar. As descobertas sexuais acontecem e é o principal ponto, que faz ele se afastar do patriarca. Esse período é o mais confuso da sua vida, além do fato de família não aceitar a sua sexualidade, ele próprio não consegue e acaba reagindo de forma agressiva consigo mesmo. Mas, por mais que a trama aconteça por volta desse conflito, ele é apenas mais um drama de uma complexa cadeia de histórias que tornam o filme completo.



 


O problema do irmão mais velho com toda a família e com ele, que resulta em uma confusa relação de amor e ódio; a religião e o conservadorismo da sociedade faz com que qualquer um acabe se identificando com esses personagens e principalmente com o Zac, não só pela história como também a forma em que ela é contada. Na infância, por exemplo, a imaginação se confunde com a realidade. Na juventude isso também acontece, mas neste período da vida o que mais parece ser relevante é o envolvimento do personagem com a música e a confusão entre a ação e o desejo do mesmo em suas atitudes. E na maturidade a sensação é de liberdade com a viagem a Jerusalém. Outro ponto relevante que ajuda no processo de identificação do espectador com o filme, é o fato de que os personagens, apesar de serem um contraponto do protagonista, não são vilões ou algo tipo, são seres complexos e humanos.

Não posso deixar de elogiar a trilha sonora envolvente e que dá ainda mais sentimento ao longa, não é à toa que “Space Oddity” do David Bowie está nela!

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